domingo, 16 de agosto de 2009

«Contra os ventos da história». 060719

(Publicada no Destak em 19 de Julho de 2006, p. 15)

São passados cerca de cinco séculos, sobre a época em que Portugal era uma potência invejada pelas maiores e imitada por todos os países com aspirações ao desenvolvimento. Hoje não é assim e, pelo contrário, nem sequer temos capacidade nem vontade para seguir os bons exemplos que vêem do exterior. Desenvolvemos um falso orgulho, uma vaidade saloia assente numa desconfiança e ignorância provinciana e asnática.

Há muito que está provado que a dependência do petróleo e de outros combustíveis fósseis aumenta as emissões de CO2 que alteram o clima e esgotam as finanças com a importação destes recursos. Tem-se desprezado a capacidade hídrica nacional, com a paragem da barragem de Foz Côa, a demora do arranque de Alqueva e o adiamento do Sabor. Agora, há quem tenha dúvidas sobre a versão nuclear. Alguém, talvez ligado à OPEP, argumenta com o acidente de Chernobil, sem explicar que se tratou de um acidente ocorrido por falta de adequada manutenção dos equipamentos durante anos seguidos, e ocultando que é uma fonte de energia largamente utilizada pelos países evoluídos, sem problemas graves.

A seguir a opinião desses opositores das novas tecnologias, para não morrerem 10 pessoas num hipotético e pouco provável acidente daqui a meio século, optar-se-ia por morrerem muitas mais anualmente com fome e outras carências devido ao CO2 e à exaustão do erário público para pagar o petróleo importado. O bom senso aconselha a ver as vantagens e os inconvenientes de cada solução alternativa, antes da decisão definitiva. Seria também sensato olhar para os países nossos amigos que estão no topo do desenvolvimento. A Rússia e nos EUAS vão «colaborar no desenvolvimento da energia nuclear para fins pacíficos civis» e ambos produzem petróleo. Também o Reino Unido, produtor de petróleo, tem como um dos principais objectivos reduzir a sua dependência energética externa, pelo que está claramente a apostar na energia nuclear, com o que pretende reduzir as emissões de carbono e a dependência do exterior.

Mas, infelizmente, os «sábios» lusitanos, no seu provincianismo obtusa, consideram-se melhor esclarecidos e não querem seguir as soluções daqueles países que «estupidamente» nos dão lições em todos os sectores do desenvolvimento. Com iluminados como os deste rectângulo, o que nos resta? Apenas cantar que estamos a «lutar contra os ventos da história», contra as comprovadas boas soluções, e continuarmos a sofrer de carências que nos vão empurrando para o fim das listas referentes a qualquer factor de desenvolvimento e de qualidade de vida. Será isto que os nossos representantes eleitos pretendem? Espero que não.

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