sábado, 15 de agosto de 2009

Fogos florestais pertencem ao passado? 060524

(Publicada no 24 Horas em 5 de Janeiro de 2006)

Todos os anos, entre Dezembro e Fevereiro surgem notícias de medidas governamentais que nos dão a ilusória esperança de que no Verão seguinte estamos livres do pesadelo dos fogo florestais. Foram publicadas normas legais, e pronto! Podemos dormir descansados! Pelo menos os governantes, após a redacção dessas iniciativas geniais, próprias de grande cérebros, convictos de que o problema ficou resolvido, passam uma noite tranquila imersos em sono repousante. Coisa semelhante tem acontecido noutros sectores como, por exemplo, o Código da Estrada, em que a nova legislação não impediu a continuação e o agravamento da estatística de mortos nos acidentes. Nos fogos florestais acontece o mesmo. A frustração chega poucos meses depois, com o calor do Verão, por vezes pior do que no ano anterior.

E este ano, como será? Não parece haver razão para optimismo. As notícias referem várias iniciativas, sem dúvida bem intencionadas, mas dificilmente coerentes e eficazes. Não se ouve falar de uma estrutura única com uma organização em pirâmide, com tarefas bem definidas para cada componente, relações de subordinação que permita ordens claras vindas de um só chefe em cada patamar da hierarquia, de forma a haver responsabilidades inequívocas na elaboração de estudos para a tomada de decisões, coordenação da actividade nas diversas fases de prevenção, de combate, de rescaldo e de reconstrução, controlo dos resultados de cada tarefa e um permanente fluxo de informação, por canais adequados que potencie a interacção de todos os elementos da pirâmide com vista à maior eficácia, para bem das populações e do património florestal.

Infelizmente, nada disto parece estar a ser encarado seriamente, vencendo as resistências daqueles que não querem perder o «penacho» e subordinar-se a outros. Por exemplo, seguindo o conceito atrás exposto, qual a subordinação dos militares da GNR? Reportam aos bombeiros? Ou aos Presidentes das Câmaras? E os bombeiros estarão dispostos a receber ordens de alguém que «nada sabe de combate a incêndios»?

Não é fácil vencer estas resistências. E, por isso, não se constitui uma organização piramidal de comando único em todos os patamares, do que resulta, apesar dos elevados custos, não se obter a necessária eficácia de todos os esforços desconexos que cada participante nesta grande tarefa irá certamente desenvolver. Oxalá possa vir a ser acusado de pessimismo, no fim do Verão.

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