sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Nem tudo vai mal no rectângulo. 050803

(Enviada aos jornais em 3 de Agosto de 2005)

Tem havido muitas lamentações acerca do alegado alinhamento por baixo, na generalidade das actividades económicas e sociais, anulando qualquer indivíduo mais dotado que procure sobressair do marasmo nacional. Essas atitudes, que são geralmente explicadas pela última palavra dos Lusíadas (inveja), têm impedido o progresso do País desde as escolas até à vida profissional.

Porém, há sinais de mudança, casos em que se detectam valores a níveis académicos e profissionais bastante baixos e se guindam aos mais altos postos da actividade pública. Neste momento, um caso está a dar muito nas vistas, criando boas esperanças e perspectivas de futuro nos simples funcionários de balcão da Caixa Geral de Depósitos, os quais, mesmo sem uma experiência continuada e sem o grau académico de licenciatura, podem vir a ser nomeados administradores. Mas não devem ser demasiado optimistas. Para terem êxito, precisam de se inscrever num partido vencedor, irem aos comícios, colarem cartazes eleitorais, familiarizarem-se com dirigentes partidários dinâmicos, bem falantes e próximos do topo, disponibilizarem-se para cargos políticos e ... depois, a boa hora chegará e as pensões e subsídios acumulam-se.

A experiência política e o aparecimento na Comunicação Social, mesmo que por maus motivos, são condição essencial para o sucesso na «profissão» política. Se dúvidas houvesse, bastaria reparar em alguns nomes que, nos últimos meses, subiram para o topo de empresas e institutos públicos. Nem tudo vai mal no rectângulo lusitano; há quem diga que vai muito mal.

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