domingo, 16 de agosto de 2009

«Rigor» pretensioso. 060712

(Enviada aos jornais em 12 de Julho de 2006)

Segundo notícias de 11 de Julho, «a espessura da camada de ozono tem vindo a diminuir à razão de três por cento durante os últimos 30 anos. Após alguns anúncios optimistas, a NASA chegou à conclusão de que o buraco do ozono só desaparecerá em 2068, 20 anos depois do previsto». Quer dizer que esta é mais uma previsão, depois de outras terem fracassado. Acho muita graça a este «rigor» pretensiosamente científico. Porque se fixa essa data daqui a 62 anos e não 50 ou 60? Porque vão ao ponto deste preciosismo, só faltando dizer o mês? Em que se baseiam? Quais as previsões da evolução de cada um dos múltiplos factores do fenómeno? E se a evolução diária da tecnologia permitir novas fontes de energia não poluentes para a indústria, como as alternativas ou a termonuclear, por fusão, por exemplo?

Esta previsão tão pretensiosamente rigorosa faz lembrar os custos finais das obras públicas que são sempre «ene» vezes os orçamentados. Ou o resultado das promessas em números feitas pelos governantes. Ou a previsão do défice feita há cerca de ano e meio pelo Banco de Portugal, com aproximação até às milésimas – que logo pareceu ridículo para previsão dependente de uma complexidade de variáveis, dificilmente controláveis – e que pouco tempo depois foi corrigida, mas mantendo o «rigor» das milésimas!

Apesar da credibilidade da NASA, nada tira a dúvida de o buraco de ozono desaparecer em 2068 e o porquê desta data. Não haverá um mortal que fique convencido de que num facto tão fluido e dificilmente mensurável, nas suas variáveis, haja uma certeza tão «matemática», tão «rigorosa». Uma coisa é certa, a tecnologia está a avançar diariamente a passos largos e, se for bem orientada, pode abreviar a data do tamponamento do buraco. Bastaria que os políticos governantes tivessem bom senso e cumprissem o acordo de Quioto e tomassem outras medidas ecologicamente correctas, em que se inseriria o esclarecimento das populações. Sem isso, terá de haver mais correcções dos cientistas da NASA, no sentido se protelar a previsão para cerca de 2100!

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