domingo, 16 de agosto de 2009

Sintomas preocupantes. 060530

(Publicada no Destak em 30 de Maio de 2006, pág. 15)

Há uns anos a esta parte notam-se sintomas preocupantes, talvez indícios de decadência da «raça» lusitana, o que, embora passe despercebido à maioria da população, apática e indiferente, é desagradável ao cidadão mais atento. Começou com o anverso das moedas que, por demasiado pretensioso, à quase totalidade da população nacional e europeia nada diz da identificação do Estado, ao contrário das restantes moedas da zona euro. Depois, em 2004, foi levantada uma onda patriótica de apoio à nossa selecção mas não houve repulsa em utilizar um simulacro da Bandeira Nacional em que os sete castelos conquistados por Afonso Henriques tinham sido substituídos por sete pagodes chineses que nada têm a ver com a história deste rectângulo.

Agora, estamos em mais uma onda de entusiasmo balofo em que a selecção é apoiada por uma ode cuja letra vai pouco além de um na-na-na-na que, em linguagem infantil, poderá traduzir «não» ou «nada», o que não é, certamente, o resultado que se pretende para a selecção no mundial de futebol da Alemanha. Mas não fica por aqui. No Sábado, 20 de Maio no Jamor, em apoio da bandeira desenhada por milhares de mulheres, foi cantado um arremedo do Hino Nacional. A voz da cantora era boa e respeitou a letra, não tendo caído na asneira do 2004, das «Brunas da memória». Mas, que Deus lhe perdoe, aquilo não era um hino, era uma balada triste, uma marcha lenta, fúnebre. É sabido que o Hino Nacional foi criado em momento de acrisolado patriotismo contra um inimigo que nos lesou os interesses em África, o Mapa Cor-de-Rosa, e é uma marcha militar, de estímulo à «Nação valente e imortal» para levantar «de novo o esplendor de Portugal», em respeito à «voz dos egrégios avós», contra as «brumas da memória». Mas, agora, não será com esta balada de ritmo fúnebre e dorminhoco que se hão-de «guiar à vitória» os jovens futebolistas da selecção.

Parece haver um mau presságio, um péssimo agoiro, sobre a actual geração de portugueses. Não se culpem disto os governos nem os políticos; infelizmente, o mal está com metástases espalhadas por todas as células da sociedade. Estamos a precisar de ir à bruxa.

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