quarta-feira, 16 de junho de 2010

Palavras bonitas e realidades amargas

Transcrição seguida de NOTA:

A inevitável estátua
Jornal de Notícias. 14-06.2010. Por Manuel António Pina

"Os sacrifícios devem ser repartidos de forma equitativa e justa", disse o presidente da República em Faro no discurso do 10 de Junho.

Trata-se do género de frase que fica bem na peanha de uma daquelas estátuas em que o herói, hirto, estende o braço apontando o caminho aos mortais comuns.

Não será surpreendente que, daqui a uns anos, quando a memória dos dias presentes e dos passados próximos se tiver diluído, Cavaco tenha algures uma estátua dessas e que a frase lá esteja, brônzea.

Porque então já ninguém se interrogará acerca do estranho sentido que o actual presidente dará a palavras como "equidade" e "justiça".

De facto, quem se recordará nessa altura de que Cavaco apoiou uma repartição de sacrifícios decretada por sucessivos PEC pondo pobres, desempregados, pensionistas e trabalhadores a pagar uma crise que encheu os bolsos dos principais responsáveis por ela?

E quem se lembrará ainda (se até o próprio parece tê-lo entretanto esquecido) do modelo selvagem de crescimento que impôs ao país quando foi primeiro-ministro, assente precisamente no aumento das desigualdades sociais e da pobreza?

NOTA: O nosso País anda a ser enganado por tácticas de diversão, que ocultam as realidades e procuram manter a população enganada sobre o seu destino.

Em vez de reestruturar o País, para o tornarem o local onde as pessoas vivam com confiança e acções produtivas, com sãos critérios, os «responsáveis» perdem o tempo com propaganda vazia de conteúdo.

Precisamos de medidas concretas, bem estruturadas, coordenadas, convergentes para uma finalidade bem definida, já não havendo lugar para idealismos estéreis, para masturbações intelectuais e oratórias ocas.

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