segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Estrabismo de um dinossauro sobrevivente

A situação dramática em que o País se encontra, e com perspectivas de se agravarem, estão visíveis no artigo que se transcreve:

Destak. 10 | 11 | 2010. Por João César das Nevesoão César das Neves

«Escolas abrem ao fim de semana para matar a fome aos alunos.» Apesar da crise política, campanha presidencial e urgência dos juros da dívida, o Expresso escolheu este para título principal do último sábado. Foi uma excelente opção jornalística. Este é sem dúvida o verdadeiro problema do momento: volta a haver fome generalizada entre nós. Tudo empalidece ao lado disto.

Mas este título mostra também um outro facto ainda mais importante. Perante a incapacidade do Estado, a sociedade enfrenta a emergência. «Mesmo quando não há apoios extras do município ou do Ministério da Educação, muitos estabelecimentos de ensino fazem tudo para minimizar as carências alimentares de algumas crianças. [...] Notámos que havia alunos que não comiam o pão do almoço ou a sandes do lanche [...] iam discretamente ao pátio dar o que não comeram a um colega que lhes tinha pedido para poder levar para casa.» (p. 22)

Há várias décadas que, com custo de milhões, os sucessivos governos nos asseguraram que a sua política eliminaria a pobreza. Proclamaram o sucesso várias vezes. Agora, quando é mesmo preciso, tudo se desmorona. Parece que nos 80 mil milhões de euros do Orçamento de Estado não há dinheiro suficiente para alimentar crianças. Compreende-se, é preciso acorrer ao TGV e outras prioridades.

Os políticos estão presos de si mesmos. Felizmente ainda restam as escolas, paróquias, IPSS, serviços camarários, ou simplesmente os vizinhos e colegas. Esta é a grandeza de Portugal e enquanto existir a crise dos políticos não nos vence.»


Mas, ao invés deste texto aparece um outro intitulado Almeida Santos diz que medidas contra crise podem levar Governo a "perder o poder", em que idoso militante diz que «“Mesmo assim, eu acho que o Governo, sendo um Governo doloroso para os portugueses, é um bom Governo para o país”», o que é curioso por o Governo ter sido o responsável pelo destino dos portugueses nesta descida para o abismo, e sempre a dizer frases optimistas, a investir como um nababo e a permitir despesas públicas com instituições inúteis e com nomeações políticas em quantidades inusitadas.

Mas além deste elogio ao governo, ignora a crise a que se refere o artigo acima transcrito e alerta para o perigo de que as medidas previstas no Orçamento do Estado (OE) para 2011 poderão levar o Governo a “perder o poder”, além de perder “popularidade e votos”. Para este dinossauro demasiado amadurecido, o que deve ser colocado no topo das preocupações do Governo é o poder, a popularidade e os votos e, por conseguinte não se importar com o sofrimento do povo a que ele tem por obrigação garantis boas condições de vida, educação, saúde, segurança, justiça, comodidade, etc.

Imagem da Net.

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