sábado, 31 de dezembro de 2011

Futuro da Europa, visto por Victor Ângelo

Segundo a notícia Europa vai entrar numa crise ainda mais profunda o nosso concidadão diplomata Víctor Ângelo é um homem de sucesso numa área que exige qualidades acima da média e que se orienta pela ética e generosidade social.

Victor Ângelo, natural de Évora, tinha trabalhado em Portugal, no Gabinete de Estudos do Instituto Nacional de Estatística e fora membro da Comissão Nacional de Eleições, em 1974-5. Estudou Sociologia, foi investigador no Institut Solvay da Universidade Livre de Bruxelas (1973-4) e leccionou cadeiras ligadas ao desenvolvimento no ISESE (Universidade de Évora), de 1975-8.

Victor Ângelo é especialista na área de resolução de conflitos e no xadrez da segurança, desenvolvimento e governação. Depois de cerca de 32 anos de carreira com a ONU (1978-2010), é agora director-geral de uma empresa internacional de consultoria sobre questões globais, a Duniamundo, tendo, por exemplo, a NATO entre os seus principais clientes. É membro do Grupo de Reflexão do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa e administrador não executivo da Fundação PeaceNexus, instituição suíça que financia projectos em várias partes do mundo relacionados com a resolução de conflitos, a segurança interna, os direitos humanos e o desenvolvimento

Nos últimos anos, com a ONU, Victor Ângelo foi representante especial do secretário-geral e secretário-geral adjunto das Nações Unidas. Durante a sua carreira diplomática, foi responsável por missões de segurança e manutenção da paz na Serra Leoa, na República Centro-Africana e no Chade, sob a autoridade directa do Conselho de Segurança. Exerceu igualmente funções no Zimbabué, em Timor, nas Filipinas, na Tanzânia, na Gâmbia, em Moçambique, Angola, na Guiné Equatorial e em São Tomé e Príncipe, bem como na sede da organização, em Nova Iorque, onde foi director regional para a África ocidental e central e director de operações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Durante a sua carreira trabalhou como representante da ONU, ao nível de embaixador de pleno direito, para as áreas do desenvolvimento, das questões humanitárias, políticas e de manutenção da paz.

Mas desengane-se quem o imaginar a trabalhar num escritório luxuoso com ar condicionado. Este homem, com profundo respeito pelo outro, mantém reuniões onde quer que isso seja preciso, algumas de pernas cruzadas e sentado no chão com chefes locais. Conhecedor da fauna selvagem, percorreu a pé várias zonas de floresta em África e de canoa uma parte do Zambeze. Sobreviveu a um naufrágio ao largo da costa da Serra Leoa, em 2007, bem como um desastre de avião, nas margens do lago Vitória, na Tanzânia, quando regressava de uma missão num campo de refugiados ruandeses.

Este variado currículo concede credibilidade aos seus pareceres e, como a notícia diz, não usa de rodeios para exprimir as suas conclusões, como se vê a seguir.

Habituado a dialogar com chefes de Estado e a fazer pontes entre etnias e diferentes crenças ou ideologias, Victor Ângelo escreveu recentemente que Portugal “se está a transformar num manicómio”. E frisa ainda que “ao ver o que os políticos portugueses dizem, o que os blogues políticos escrevem, os media infantilizam e os comentadores asneiram, quem está longe fica com a impressão de que Portugal ensandeceu. Só falta saber se é enfermidade crónica ou moléstia passageira”.

Defensor do diálogo político ao centro, afirma que Portugal teve sorte no que respeita à liderança do PS. Victor Ângelo considera que Seguro tem mostrado possuir sentido de Estado. Tem sabido recusar “o populismo rasteiro e desmiolado, que está em moda. O mesmo não se poderá dizer de muitos dos que se sentam na bancada do partido”.

O diplomata considera que “as sociedades em declínio, que vivem com os olhos postos nas glórias do passado, caem facilmente na tendência de se fecharem sobre si próprias”.

Para esses povos, a história acaba por pesar mais que o futuro. As elites reaccionárias apropriam-se da tradição e dos preconceitos de outrora e transformam-nos nas novas bandeiras do populismo. “Assim surgem as agendas políticas nacionalistas.”

Imagem do Google

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Medina Carreira. Opiniões e soluções



O homem que fala claro e que incomoda os do poder.

Gérard Duménil reflecte sobre a crise

Transcrição de:
Gérard Duménil: entrevista sobre a crise
Blog Sociologia Política
21 Dezembro, 2011

Jornal da Unicamp Você vem pesquisando o capitalismo neoliberal há muito tempo. Na sua análise, como se deve caracterizar essa etapa actual do capitalismo?

Gérard Duménil – O neoliberalismo é a nova etapa na qual ingressou o capitalismo com a transição dos anos 70 e 80. Eu e Dominique Lévy falamos de uma nova “ordem social”. Com essa expressão nós designamos a configuração de poderes relativos de classes sociais, dominações e compromissos. O neoliberalismo se caracteriza, desse modo, pelo reforço do poder das classes capitalistas em aliança com a classe dos gerentes (classe des cadres) – sobretudo as cúpulas das hierarquias e dos sectores financeiros.

No decorrer dos decénios posteriores à Segunda Guerra Mundial, as classes capitalistas viram o seu poder e suas rendas diminuírem sensivelmente na maior parte dos países. Simplificando, nós poderíamos falar numa ordem “social-democrata”. As circunstâncias criadas pela crise de 1929, a Segunda Guerra Mundial e a força internacional do movimento operário tinham conduzido ao estabelecimento dessa ordem social relativamente favorável ao desenvolvimento económico e à melhoria das condições de vida das classes populares – operários e empregados subalternos. O termo “social-democrata” para caracterizar essa ordem social se aplicava, evidentemente, melhor à Europa que aos Estados Unidos.

Com o estabelecimento da nova ordem social neoliberal, o funcionamento do capitalismo foi radicalmente transformado: uma nova disciplina foi imposta aos trabalhadores, em matéria de condições de trabalho, poder de compra, protecção social etc., além da desregulamentação (notadamente financeira), abertura das fronteiras comerciais e a livre mobilidade dos capitais no plano internacional – liberdade de investir no exterior. Esses dois últimos aspectos colocaram todos os trabalhadores do mundo numa situação de concorrência, quaisquer que sejam os níveis de salário comparativos nos diferentes países.

No plano das relações internacionais, os primeiros decénios do pós-guerra, ainda na antiga ordem “social democrata”, foram marcados por práticas imperialistas dos países centrais: no plano económico, pressão sobre os preços das matérias-primas e exportação de capitais; no plano político, corrupção, subversão e guerra. Com a chegada do neoliberalismo, as formas imperialistas foram renovadas. É difícil julgar em termos de intensidade, fazer comparação. Em termos económicos, a explosão dos investimentos directos no estrangeiro na década de 1990 certamente multiplicou o fluxo de lucros extraído dos países periféricos pelas classes capitalistas do centro. O facto de os países da periferia desejarem receber esses investimentos não muda nada a natureza imperialista dessas práticas – sabe-se que todos os trabalhadores “desejam” ser explorados a ficar desempregados.

Quando em meados dos anos 90, nós introduzimos essa interpretação do neoliberalismo em termos de classe, ela suscitou pouco interesse. Mas a explosão das desigualdades sociais deu a essa interpretação a força da evidência. A particularidade da análise marxista é a referência às classes mais que a grupos sociais. Esse carácter de classe está inscrito em todas as práticas neoliberais e inclusive os keynesianos de esquerda se exprimem, agora, nesses termos. Uma recusa a essa interpretação, no entanto, ainda se mantém; muitos não aceitam o papel importante que atribuímos aos gerentes (cadres) na ordem social neoliberal.

Entre os marxistas, continua-se a recusar que o controle dos meios de produção no capitalismo moderno é assegurado conjuntamente pelas classes capitalistas e pela classe dos gerentes (classe de cadres), o que faz dessa última uma segunda componente das classes superiores. Essa recusa é ainda mais desconcertante quando se tem em mente que as rendas das categorias superiores dos gerentes (cadres) no neoliberalismo explodiram ainda mais que as rendas dos capitalistas.

JU – Para alguns autores, o neoliberalismo foi um ajuste inevitável provocado pela crise fiscal do Estado; para outros foi o resultado, também inevitável, da globalização.

Gérard Duménil – A explicação do neoliberalismo pela “crise fiscal” e frequentemente também pela inflação é a explicação da direita; é uma defesa dos interesses capitalistas. Ela especula com as inconsequências dos blocos políticos que dirigiam a ordem social do pós-guerra. Esses foram incapazes de gerir a crise dos anos 70 e preparam a cama para o neoliberalismo. Passa-se o mesmo com a explicação que apresenta o neoliberalismo como consequência da globalização. Esse argumento inverte as causalidades. O que o neoliberalismo faz é orientar a globalização, uma tendência antiga, para novas direcções e acelerar o seu curso, abrindo a via para a “globalização neoliberal”. O movimento altermundialista lutou por uma outra globalização, solidária, e não baseada na exploração em proveito de uma minoria.

JU – Você acaba de publicar, juntamente com o seu colega Dominique Lévy, um livro sobre a crise económica actual. Na sua avaliação, qual é a natureza dessa crise?

Gérard Duménil – A crise actual é uma das quatro grandes crises – crises estruturais – que o capitalismo atravessou desde o final do século XIX: a crise da década de 1890, a crise de 1929, a crise da década de 1970 e a crise actual – iniciada em 2007/2008. Essas crises são episódios de perturbação de uma duração de cerca de uma dezena de anos (para as três primeiras). Elas ocorrem com uma periodicidade de cerca de 40 anos e separam as ordens sociais que evoquei na resposta à primeira pergunta. A primeira e a terceira dessas crises, as das décadas de 1890 e de 1970, seguiram-se a fases de queda da taxa de lucro e podem ser designadas como crises de rentabilidade. As duas outras crises, a de 1929 e a actual, nós as designamos como “crises de hegemonia financeira”. São grandes explosões que ocorrem na sequência de práticas das classes superiores visando ao aumento de suas rendas e de seus poderes. Todos os procedimentos do neoliberalismo estão aqui em acção: desregulamentação financeira e globalização. O primeiro aspecto é evidente, mas a globalização foi também, como vou indicar, um factor chave da crise actual.

Queda da taxa de lucro e explosão descontrolada das práticas das classes capitalistas são dois grandes tipos de explicação das grandes crises na obra de Marx. O primeiro tipo é bem conhecido. No Livro III de O Capital, Marx defende a tese da existência de uma “tendência decrescente da taxa de lucro” inerente ao carácter da mudança tecnológica no capitalismo (a dificuldade de aumentar a produtividade do trabalho sem realizar investimentos muito custosos, o que Marx descreve como a “elevação da composição orgânica do capital”).

Note-se que Marx refuta explicitamente a imputação da queda da taxa de lucro ao aumento da concorrência. (O segundo grande tipo de explicação para as crises já aparece em esboço nos escritos de Marx da década de 1840.) No Manifesto do Partido Comunista, Marx descreve as classes capitalistas como aprendizes de feiticeiros, desenvolvendo mecanismos capitalistas sob formas e em graus perigosos e perdendo, finalmente, o controle sobre as consequências de sua acção. Os aspectos financeiros da crise actual remetem directamente às análises do “capital fictício”, aos quais Marx consagrou longos desenvolvimentos no Livro II de O Capital, desenvolvimentos que ecoam as ideias do Manifesto. De uma maneira bem estranha, alguns marxistas só aceitam a explicação das grandes crises pela queda da rentabilidade, excluindo qualquer outra explicação, e passam a multiplicar cálculos mal fundamentados.

Mas a crise actual não é uma simples crise financeira. É a crise de uma ordem social insustentável, o neoliberalismo. Essa crise, no centro do sistema, deveria acontecer, de qualquer modo, um dia ou outro, mas ele chegou de uma maneira bem particular em 2007/2008, vinda dos Estados Unidos. Dois tipos de mecanismos convergiram. Encontramos, de uma parte, a fragilidade induzida em todos os países neoliberais pelas práticas de financeirização e de globalização (notadamente financeira), motivada pela busca desenfreada de rendimentos crescentes por parte das classes superiores, reforçada pela recusa de regulamentação. O banco central dos EUA, em particular, perdeu o controle das taxas de juros e a capacidade de conduzir políticas macroeconómicas em decorrência da globalização financeira. De outra parte, a crise foi o efeito da trajectória económica estadunidense, uma trajectória de desequilíbrios cumulativos, que os EUA puderam manter devido à sua hegemonia internacional – contrariamente à Europa que, considerada no seu conjunto, não conheceu tais desequilíbrios.

Desde 1980, o ritmo da acumulação de capital nos Estados Unidos desacelerou no território do próprio país enquanto cresciam os investimentos directos no exterior. A isso é necessário acrescentar: um défice crescente do comércio exterior, uma grande elevação do consumo (da parte das camadas mais favorecidas) e um endividamento igualmente crescente das famílias. O défice de comércio exterior (o excesso de importações frente às exportações) alimentava um fluxo de dólares para o resto do mundo que tinha como única utilização a compra de títulos estadunidenses, levando ao financiamento da economia daquele país pelos estrangeiros – uma “dívida” vis-à-vis o estrangeiro, simplificando um pouco.

Por razões económicas que eu não explicarei aqui, o crescimento dessa dívida exterior devia ser compensado por aquele da dívida interna, a das famílias e a do Estado, a fim de sustentar a actividade no território do país. Isso foi feito encorajando o endividamento das famílias pela política de crédito e pela desregulamentação – a dívida do governo teria podido substituir o endividamento das famílias mas isso ia contra as práticas neoliberais de antes da crise. Os credores das famílias (bancos e outros) não conservavam os créditos criados, mas os revendiam sob a forma de títulos (obrigações), cuja metade, mais ou menos, foi comprada pelo resto do mundo.

De tanto emprestar às famílias para além da capacidade delas saldarem as dívidas, as inadimplências se multiplicaram desde o início do ano de 2006. A desvalorização desses créditos desestabilizou o frágil edifício financeiro, nos EUA e no mundo, sem que o banco central dos Estados Unidos estivesse em condição de restabelecer os equilíbrios no contexto de desregulamentação e de globalização que ele próprio tinha favorecido. Esse foi o factor desencadeador, mas não o fundamental, da crise – combinação de factores financeiros (a loucura neoliberal nesse domínio) e reais (a globalização, o sobre-consumo estadunidense e o défice do comércio exterior desse país).

JU – Você falou em suas palestras no Brasil que a crise económica teria entrado numa segunda fase. Como a crise vem se desenvolvendo?

Gérard Duménil – O mundo já ingressou na segunda fase da crise. É fácil compreender as razões. A primeira fase atingiu o pico no Outono de 2008, quando caíram as grandes instituições financeiras estadunidenses, quando começou a recessão e quando a crise se propagou para o resto do mundo. As lições da crise de 1929 foram bem aprendidas. Os bancos centrais intervieram massivamente para sustentar as instituições financeiras (com medo de uma repetição da crise bancária de 1932) e os défices orçamentários dos Estados atingiram níveis excepcionais. Mas essas medidas keynesianas, estimulando a procura, só podiam ter por efeito uma sustentação temporária da actividade. Os governos dos países do centro ainda não tomaram consciência do carácter estrutural da crise. Eles agem como se a crise tivesse sido puramente financeira, já ultrapassada; entretanto, as medidas keynesianas só criaram um adiamento. Nenhuma medida antineoliberal séria foi tomada nos países do centro. São apenas políticas que visam o reforço da exploração das classes populares.

Nos Estados Unidos, a administração de Barak Obama elaborou uma lei, a lei Dodd-Frank, para regulamentar as práticas financeiras, mas os republicanos bloquearam completamente a aplicação. Em outras esferas, como gestão das empresas, exportação, défices do comércio exterior, nada foi feito. Na Europa, a crise não é identificada como a crise do neoliberalismo. A Alemanha é apresentada como tendo provado a sustentabilidade do caminho neoliberal. A crise é imputada à incapacidade de gestão de certos Estados, notadamente a Grécia e Portugal.

Em toda a parte, a direita retomou a ofensiva. Ela se atém à questão dos défices orçamentários e da elevação da dívida pública. Ela finge não ver que a austeridade orçamentária, além da transferência, que a felicita, do peso da dívida para as classes populares, não pode senão provocar a recaída numa nova contracção da actividade. Essa é a segunda fase da crise. Essa segunda fase não será a última. O novo mergulho na recessão necessitará novas políticas. Contrariamente à Europa, os Estados Unidos se lançaram massivamente no financiamento directo da dívida pública pelo banco central (o quantitative easing). Muito mais coisa será necessária, apesar da direita. Nós temos dificuldade em ver como a Europa poderá escapar disso.

JU – É sabido que a crise económica atingiu mais fortemente, pelo menos até agora, os EUA e a Europa. Na década de 1990, ao contrário, as crises económicas foram mais fortes na periferia. Por que essa diferença? Como a crise actual se manifesta nas diferentes regiões do globo?

Gérard Duménil – Até a segunda metade da década de 1990, o neoliberalismo produziu estragos no mundo, notadamente na América Latina e na Ásia. Mesmo hoje, as taxas de crescimento na América Latina permanecem inferiores àquelas dos primeiros decénios do pós-Segunda Guerra Mundial, e isso a despeito da redução massiva dos salários reais – que foi reduzido à metade desde a crise de 1970 em alguns países da região. Na década de 1990 – e em 2001 na Argentina – os avanços do neoliberalismo provocaram grandes crises, das quais a crise argentina é um caso emblemático.

O mundo entrou, agora, numa fase nova. A transição para o neoliberalismo provoca um tipo de “divórcio”, nos países do centro, entre os interesses das classes superiores e os do país como território económico. O caso dos Estados Unidos é espectacular. Como eu disse, as grandes empresas desse país investem cada vez menos no território do país e, cada vez mais, no resto do mundo. A globalização levou a um deslocamento da localização da produção industrial para as periferias: na Ásia, na América Latina e, inclusive, em alguns países da África sub-saariana.

JU – As políticas propostas pelos dois grandes da União Europeia para superar a crise têm repetido as fórmulas neoliberais. Os mercados intimidam os governos; Sarkozy e Merkel exigem mais e mais cortes orçamentários. Por que insistem em uma política que, para muitos observadores, está na origem da crise? Que resultado a aplicação de tais políticas poderá produzir?

Gérard Duménil – Eu não penso de jeito nenhum que o rigor orçamentário tenha sido uma das causas da crise. Isso é a expressão de uma crença keynesiana ingénua, tão ingénua quanto a crença na capacidade dessas políticas de suscitar a saída da crise, dispensando as necessárias transformações antineoliberais. Porém, nesse contexto, as políticas que visam erradicar os défices não deixarão de provocar uma nova queda da produção.

JU – Muitos analistas têm destacado que os partidos, sejam eles de direita ou de esquerda, não se diferenciam muito nas propostas para enfrentar a crise. Ademais, em vários países europeus, como a Inglaterra, a Espanha e Portugal, a direita foi eleitoralmente favorecida pela crise económica. Os movimentos sociais poderiam construir uma alternativa de poder? Qual poderia ser um programa popular para enfrentar a crise actual?

Gérard Duménil – Nós não falamos dos aspectos políticos do neoliberalismo. A aliança na cúpula das hierarquias sociais entre classes capitalistas e classes dos gerentes (classes de cadres) logrou, por diversos mecanismos, afastar as classes populares da política “politiqueira”. Quero dizer: as afastou dos jogos dos partidos e dos grupos de pressão. Para as classes populares, só restou a (luta de) rua.

É preciso fazer entrar em cena grupos sociais que se encontram na “periferia” das classes dos gerentes (classes de cadres): os intelectuais e os políticos profissionais. No compromisso social do pós-Segunda Guerra, fracções relativamente importantes desses grupos eram partidárias da aliança com as classes populares (às quais elas não pertenciam), que elas apoiavam nos seus campos próprios de actuação. No contexto do colapso do movimento operário mundial, as classes capitalistas lograram, no neoliberalismo, a selar uma aliança com as classes dos gerentes – usando o recurso da remuneração, notadamente – conduzindo gradualmente esses grupos periféricos (a universidade fornece muitas ilustrações sobre esse fenómeno) no empreendimento de conquista social do neoliberalismo. A proporção de grupos sociais motivados para uma aliança com as classes populares estreitou-se consideravelmente, ficando reduzida a alguns grupos “iluminados” aos quais eu próprio pertenço.

O sofrimento das classes populares não chega ao grupo dos gerentes e, no plano político, não há mais nenhum grande partido de esquerda. Na França, sabe-se no que se tornou o Partido Socialista, completamente ganho pela “globalização”, um termo para ocultar o neoliberalismo. Algo semelhante poderíamos dizer dos democratas nos Estados Unidos e eu deixo para vocês mesmos julgarem a situação do Brasil a esse respeito.

A vida política – politiqueira – se reduz à alternância entre dois partidos não equivalentes; mas o partido que se diz de esquerda é incapaz de propor uma alternativa, para não falar da sua implementação. O voto se reduz àquilo que nós chamamos na França o “voto sanção”. A direita sucede a esquerda na Espanha, por exemplo, porque a esquerda estava no poder durante a crise; a direita não tem, evidentemente, nenhuma capacidade superior para gerir a crise.

JU – Muitos observadores têm falado da possibilidade de extinção do euro. Você acredita que isso poderá ocorrer? Na sua avaliação, quais seriam os desfechos mais prováveis para a crise actual?

Gérard Duménil – É possível que alguns países saiam da zona do euro. Isso não resolveria o problema da dívida deles, que se tornaria ainda impagável depois da desvalorização da nova moeda substituta do euro. O problema é o do cancelamento da dívida ou de sua adopção pelo banco central. A crise da dívida atingiu agora os países do centro da Europa, e será necessário que esses países tomem consciência da amplitude e da verdadeira natureza do problema.

Isso remete às características daquilo que nós chamamos a “terceira fase da crise”. Quais políticas serão adoptadas face à nova recessão? Como será gerida a crise na Itália e, depois, na França? Como a Alemanha responderá à pressão dos “mercados” (as instituições financeiras internacionais)? Uma coisa é certa: essas dívidas não devem ser pagas, o que exige a transferência delas para fora dos bancos ou uma forte intervenção na sua gestão.

Agora, o ponto fundamental é a vontade dos governos dos países mais poderosos da Europa, notadamente a Alemanha, de reforçar a integração europeia (em vez de estourar a zona do euro), que se opõe à vontade de “desglobalização” de alguns. Esse debate oculta a questão central: qual Europa? Uma Europa das classes superiores ou a de um novo compromisso de esquerda?

Imagem de arquivo

Conferência de Daniel Estulin



É extenso mas muito esclarecedor da situação actual e ajuda a ter ideia do futuro confuso que nos espera

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Peso paralisante da rotina

Era um domingo de Outubro de 1955. O jovem alferes Figueiredo tinha chegado há dois dias à Unidade, em Viseu, perto do Rossio, no antigo convento de S. Francisco. Sem ainda conhecer os cantos à casa, os espaços e as tradições, viu-se investido com o braçal encarnado de oficial de dia e inteiramente responsável pelo quartel.

Meticuloso dedicado e com vontade de ser eficiente, logo que rendeu a parada procurou iniciar a aprendizagem rápida da segurança da unidade, começando pelas funções do pessoal de serviço. Rondou o quartel, analisou as funções de cada sentinela e plantão e foi-se integrando no espírito da Unidade.

Mas chocou com uma situação que não conseguiu perceber. No vasto espaço que era mais do que uma simples parada, estava um plantão a pouca distância dos frondosos carvalhos. Para quê? Nenhum dos presentes lhe conseguiu responder. Já era assim quando ali se apresentaram.

O capitão Lopes, muito dedicado ao quartel, quando saiu da missa na Igreja da Ordem Terceira, ali ao lado, passou para ver se o novo Alferes estava atento ao serviço, mas ele também não sabia esclarecer o papel do plantão à parada. Quando ali foi colocado havia uns bons pares de anos, já era assim.

O Figueiredo não estava disposto a amordaçar a sua curiosidade, mas não tinha pistas para a investigação, até porque, sendo domingo, não podia consultar arquivos ou biblioteca, devido à ausência dos responsáveis pelas chaves.

Mas,pouco tempo depois de almoço, a ordenança veio dizer-lhe: Mê alferes está ali um velhote que lhe quer falar. Manda-o entrar. Era um octogenário com um neto e uma bengala em que se apoiava: Saiba Vossa Senhoria que sou sargento ajudante reformado que aqui passei todo o meu tempo de serviço activo e gostava de mostrar ao meu neto o quartel onde prestei serviço.

Para o Figueiredo, acendeu-se uma luz. Contou-lhe a sua curiosidade acerca do plantão à parada. O velhote com os olhos brilhantes: Não me diga que ainda ali há um plantão! Ali havia um pequeno lago com três bancos à volta e jardim. Um dia os bancos foram pintados e, para que nenhuma militar neles se sentasse e sujasse a farda, foi lá colocado um plantão para evitar tal percalço. Mas, pelos vistos, já não há jardim nem lago nem bancos, e continua a ser escalado um plantão para lá!!!

O Figueiredo, com o seu zelo e dedicação juntou em anexo à parte do Oficial de dia, a descrição do sucedido, do que resultou um elogio verbal do comandante e a alteração no esquema de serviço passando a haver um plantão a menos.

Em período de balanço de 2011 e de planeamento do 2012, esta recordação tem interesse. Como dizia João Duque em artigo no Expresso de 23 deste mês, haverá por aí muitos organismos governamentais ou autárquicos ou mesmo em empresas privadas que apenas existem devido a rotinas e tradições obsoletas, paralisantes, estupidificantes, sem realizarem qualquer serviço para a sociedade, ou para os fins das instituições de que fazem parte.

Muitos serviços apenas produzem trabalho meramente burocrático que sobrecarrega outros serviços e acaba por ser arquivado, ocupando espaço, depois de ter empatado muitas horas de vários funcionários cuja actividade poderia ter sido útil noutra finalidade e constituir um bom investimento do salário respectivo.

Neste momento de passagem do ano, deve ser feita uma análise fria e desapaixonada, e substituir o passado desnecessário por um futuro mais racional e eficaz. Dito de outra forma, é preciso eliminar as obesidades desvantajosas, inconvenientes que só têm como resultado a manutenção de parasitas e a lentidão do funcionamento da máquina.

Imagem de arquivo

Parlamento é...

Será admissível que haja eventuais excepções, mas a ideia reinante nos portugueses é que o objectivo principal dos candidatos às eleições não será a defesa dos interesses dos portugueses, isto é, dos interesses nacionais.

Se alguém tinha dúvidas, elas esmorecem perante notícias como a que o Jornal de Notícias publica sob o título Parlamento é "escritório de representações", de Ana Paula Correia.

Segundo ela, a organização Transparência e Integridade, pelas palavras do seu vice-presidente, Paulo Morais, identifica casos de conflito de interesses .

«A análise fina do registo de interesses dos deputados e o cruzamento com a actividade parlamentar que desempenham permite a Paulo Morais, afirmar que o Parlamento "é um escritório de representações"

«A Assembleia da República "abastardou-se" e, por isso, Paulo Morais entende que a presidente do Parlamento "tem a obrigação de tomar uma atitude, em nome dos princípios éticos", uma vez que não está em causa qualquer ilegalidade. "Se nada for feito, pode aplicar-se o aforismo que diz que 'tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta'"».

É para isso que nos pedem o voto, usando promessas enganadoras e palavras sonantes!!!. Acho muito irónico Paulo Morais citar a «legalidade», pois é um argumento que os políticos nunca devem utilizar em benefício próprio, pois ela é uma artificialidade criada no Parlamento, com os «buracos» e as vírgulas convenientes para lhes permitir fazer, impunemente, as tropelias que desejarem, como a «acção directa» aos gravadores de jornalistas e outras coisas como atrás referida de usar as comodidades do Parlamento para realizar trabalhos alheios à finalidade da Instituição (segundo órgão de soberania), e possivelmente colidindo com o interesse nacional.

Imagem do JN

Políticos ou gestores

Transcrição de artigo que estimula o raciocínio acerca da eventualidade de mudanças no regime, das capacidades exigíveis a um gestor político e da consequente conveniência de os partidos formarem devidamente os gestores políticos, para o bom desempenho das funções de maior responsabilidade.

Políticos ou gestores
Diário de Notícias. 16 Dezembro 2011. por JOSÉ CARLOS GONÇALVES VIANA, ENGENHEIRO

A indigitação recentemente verificada de gestores, aparentemente sem currículo político mas excelente currículo profissional, para cargos políticos da maior importância levantou um coro de comentários, porque parece haver dúvidas quanto à eficiência de um gestor de origem empresarial ou semelhante no desempenho de tais funções políticas.

O contrário, isto é, a passagem dum cargo político para um empresarial, já não levanta tais dúvidas, mas, se por vezes, isso acontece de forma a originar notícias nos jornais, normalmente apenas houve influência de decisões tomadas pelo visado no primeiro cargo que teriam favorecido alguns interesses da empresa para onde transitou, não se pondo a questão da eficiência.

O que interessa na resposta à questão posta em título deste escrito é esclarecer o que de facto influencia a eficiência da gestão por quem ocupa os lugares cimeiros de qualquer organização, seja ela uma empresa ou um país.
A definição mais simples de gestão eficiente a enunciar é: o conjunto de princípios e procedimentos que maximizem os resultados a atingir, utilizando uma equipa competente e todos os meios ao seu dispor no mercado em que a entidade a gerir está inserida.

Estes princípios essenciais da eficiência são os seguintes:
1.º - distinguir o fundamental do acessório;
2.º - o primeiro factor é o pessoal (as pessoas de dentro e de fora);
3.º - haver sempre responsáveis;
4.º - tomar decisões efectivas e oportunas;
5.º - basear-se nos pontos fortes e não nos fracos;
6.º - libertar-se de preconceitos e ideias feitas;
7.º - apontar para os resultados mais do que para o trabalho.

Estes princípios adicionados às capacidades humanas e técnicas e à experiência em lugares de chefia e/ou ao treino em gestão, como é normal nos cursos específicos, devem ficar em equilíbrio com as características do cargo, a que se chama a posição estratégica, e que são: dependência hierárquica, poderes de decisão e informação recebida. A esta relação dá-se o nome de competência.

O primeiro factor de sucesso é a qualidade de liderança do responsável por essa equipa, e, portanto, pela sua competência, e a responsabilidade da sua escolha pertence a quem detém o poder de o indigitar. Se for uma empresa, será a assembleia geral, ou seja, os sócios que têm a maioria do capital; se for um país, será o partido, ou a coligação de partidos que obtiver a maioria em eleições a isso destinadas.

A escolha dos candidatos a estes cargos obedece a critérios vários, alguns subjectivos e outros objectivos, entre os quais as qualidades pessoais dos candidatos, entre elas as provas dadas anteriormente, como sejam: os resultados obtidos, a capacidade de trabalho, a capacidade de liderar, a empatia e outras características pessoais e, finalmente, as capacidades técnicas mínimas para poder liderar toda a equipa, que se nas empresas já abrange vasta área, num país abrange todas a áreas de conhecimentos e de actividades.

Mas, perdoem-me a insistência, o mais importante é o seu comportamento ser orientado pelos princípios acima indicados.
A maioria, para não dizer todos, dos desvios verificados no nosso país que o conduziram à situação actual foram consequência do atropelo frequente de alguns ou até de todos eles.

Já Camões dizia "um fraco rei faz fraca a forte gente" e Damião de Góis "mais vale um exército de ovelhas comandado por um leão que um exército de leões comandado por uma ovelha".

Por outro lado, a actividade de gestão começa com a definição de objectivos e dos meios para os atingir, cujo plano de acção faz parte das condições postas à partida quando da indigitação.
No caso de um país, deverá ser definido durante o período eleitoral, aliás como acontece nas empresas, o que implica ter de haver depois um órgão que permita controlar a evolução durante todo o mandato de forma a evitar desvios, por ineficiência ou por fraude.

Tudo isto porque existe uma base democrática nestas relações de trabalho e de influências, pois em ditaduras nada disto acontece assim, e por isso mesmo justifica-se nestes casos as demonstrações de protesto nas ruas, que em democracia significam a falta de eficiência das chefias dos partidos políticos, que tem conduzido à enorme abstenção e à adopção generalizada dos movimentos de protesto popular, como única solução para a população se manifestar.

Porque se os partidos políticos fossem representativos de facto de toda a população, o resultado das eleições bastaria para satisfazer a sua necessidade e interesse na solução dos problemas e em atingir os objectivos correspondentes às promessas eleitorais que ganharam as eleições.

Como melhorar esta situação, que obviamente representa uma eficiência de governação fatalmente mais baixa do que seria desejável? E como controlar o trabalho de gestão dos eleitos?

Nas empresas privadas, motivam-se os gestores (e seria excelente incluir também todos os colaboradores ) com ganhos proporcionais aos resultados obtidos, e no Estado deveria haver igualmente uma avaliação que premiasse (ou punisse) anualmente e no fim do mandato conforme os resultados atingidos.

Quanto ao controle, da mesma forma que nas empresas há o conselho fiscal, no Estado já existe o Tribunal de Contas, que deveria ter essa função talvez mais alargada e eleita sempre pelos partidos da oposição. Tal como o provedor e qualquer órgão de controle, pois só assim nunca dependerão do poder para a controlar, única forma de garantir a sua independência.

E como a Constituição não prevê este sistema, só resta alterá-la em conformidade, mas por uma equipa onde haja alguém que tenha conhecimentos sólidos de gestão e não apenas juristas.

Conclusão final: em teoria, não há razão alguma para preferir candidatos exteriores aos partidos, excepto se estes estiverem tão desacreditados que já não conseguem apresentar candidatos aceitáveis.

Moral da história: para o sistema democrático ser capaz de gerar candidatos eficientes e, portanto, credíveis, os partidos têm de rever rapidamente as suas formas de gestão interna tal como as empresas e os países que quiserem sobreviver e progredir.

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Bela Mensagem de ANO NOVO

Um Novo Ano Começa...

Significa uma nova etapa...Outro caminho!
É hora de recomeçar
Do que passou, levamos as experiências...Mães de nossa maturidade
E temos a certeza de que ainda devemos crescer e muito!
Que 2012 traga a força para que possamos suar a camisa
Sem desânimo ao lutar pelos nossos ideais e nossos sonhos
E o que não for possível restará a esperança. Mas as vitórias, estas sim,
Serão comemoradas com intensidade e permanecerão!
Que cada minuto do novo dia, traga uma nova magia, daquelas que são
Preparadas no coração e servem para resolver os problemas com uma pitada
De Paciência e Resignação
Ensinam como transformar a tristeza em alegria
Deixam no ar o aroma da fé e a importância do acreditar E fazem desta vida
O mistério mais maravilhoso que se possa conhecer:
Aquele o qual chamamos de Felicidade!

Agradeço à Thais o envio e à Celle a sugestão de transcrever aqui
A todos desejo o melhor no Ano que se aproxima, com energia, criatividade e espírito de luta para vencer todas as adversidades que eventualmente se vos deparem. Mais do que nunca, é preciso não desistir de procurar o melhor para toda a humanidade.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

As PPP ou os PPP ???

Transcreve-se o seguinte artigo por contribuir para o aprofundamento da ideia expressa em Preparar um futuro melhor.

O que será pior: as PPP ou os PPP
Diário de Notícias 28-12-2011. Por JOSÉ CARLOS GONÇALVES VIANA, ENGENHEIRO

Têm sido muito comentadas as consequências funestas para a economia deste país as várias PPP (parcerias público-privadas) que foram criadas para se conseguirem realizar projetos, muitos deles de utilidade duvidosa, fugindo ao controlo que deveria haver mais eficiente, e garantindo aos nossos filhos e netos uma sobrecarga de dívidas para muitos anos, além da contribuição para o desequilíbrio actual.

Foram de facto péssimas as decisões que tornaram reais estas situações, mas deve perguntar-se: quem as tomou?

Ora, ainda há dias na comunicação social aparecia a informação de que cerca de 78% da despesa total do nosso Estado é constituída por pensões e custos de pessoal dele dependente, razão pela qual o actual Governo, para atingir os valores que permitirão termos acesso ao crédito, que é essencial para sobrevivermos, se viu forçado aos cortes que até alguns partidos políticos, com enorme responsabilidade nesta situação, tanto criticam.

É preciso não esquecer que para lhes pagar é indispensável cobrar mais impostos, o que significa tornar menos competitivos aqueles que produzem e criam riqueza (e que são poucos), o que nos faz cair numa espiral de perda crescente, como se pode verificar pelo valor enorme das dívidas acumuladas.

Voltando à pergunta formulada dois parágrafos atrás: quem as tomou?

E, já agora, mais outra pergunta: e quem constitui a parcela não produtiva da nossa população que provoca todo este desequilíbrio?

A resposta a ambas é: os PPP.
Ou seja: os partidos políticos e os parasitas.
Os primeiros porque em democracia, que todos tanto apregoam, devem ser eles a preparar pessoas competentes e honestas para ocuparem os cargos inerentes ao exercício do poder, sempre devendo ter como objectivo essencial o bem do País, e não apenas o bem do partido ou de alguns dos seus membros, poder esse obviamente conseguido em eleições, em que seria desejável toda a gente participar.

Porque não o fazer, isto é, abster-se, é próprio de regimes ditatoriais. Ou então consequência de falta de aproximação dos partidos à população e sinal de baixa eficiência dos responsáveis por esses partidos.

Da mesma forma que a dificuldade de os partidos em apresentarem candidatos com o nível de qualidade correspondente à importância dos cargos a preencher também resulta de falha gravíssima desses mesmos responsáveis.

Curiosamente, sempre que há eleições e se verifica a enorme abstenção, os políticos aparecem a lamentar-se, e até por vezes a acusar os eleitores de falta de civismo, mas os responsáveis são eles e mais ninguém.

Para ilustrar esta deficiência dos partidos basta recordar a ausência total de vontade política, isto é, dos políticos que estão na Assembleia da República, de legalizar o combate à corrupção, começando por estabelecer as regras que devem gerir os conflitos de interesses, e de garantir a eficiência dos órgãos de controlo, como, por exemplo, o Tribunal de Contas, de forma a reduzir, ou eliminar se possível, os casos que se têm verificado com tantos prejuízos para o País.

Além disto, verifica-se também que os mesmos partidos, que tanto contribuíram para a situação actual de quase bancarrota do nosso país, e que quando podiam ter alterado o rumo de colisão nada fizeram de positivo, antes pelo contrário ainda agravaram mais os erros e desmandos, agora aparecem na rua a protestar como se estivéssemos outra vez em tempo de ditadura.

De facto, na ditadura foi preciso ir para a rua para mudar para a democracia, mas agora não seria preferível os partidos conseguirem ser mais eficientes e mais conscienciosos e resolverem os problemas do País nas eleições e no Parlamento?

E darem provas de que o seu objectivo é melhorar a gestão do País e não apenas a obtenção de benefícios insustentáveis e a satisfação momentânea dos responsáveis das suas organizações corporativas.

Ficam para o fim os Parasitas. Isto é: aqueles que recebem salários ou pensões mas não contribuíram ou contribuem com qualquer actividade que justifique esse pagamento.

Aqueles que, estando ainda no efectivo, e que é a maior parcela, mas em nada contribuem para a riqueza do País, dividem-se em dois grupos: os que não têm qualquer responsabilidade por se encontrarem em tal situação e para quem há que encontrar outras funções úteis, e os que por razões de compadrio político ou outro se instalaram nessa situação, e para os quais a solução é demiti-los.

Estão espalhados por serviços dos ministérios, mas também muitos nos municípios, que já deviam ter iniciado por sua iniciativa própria a remodelação indispensável, aproveitando as oportunidades que existem, tanto na agricultura como no turismo e outras actividades, aliás muitas delas dependentes de decisões dos próprios municípios.

Além de muitos outros em empresas e fundações públicas que usufruem de condições excepcionais mas que não contribuem de forma a corresponder pelo serviço prestado ao que recebem.

Quanto aos pensionistas, também existem entre eles, os que recebem pensões para as quais não contribuíram, e que parecem ser as mais elevadas, devendo pois ser devidamente reduzidos às dimensões equivalentes às normais.

Conclusão: pior que as PPP só mesmo os PPP, até porque são eles que as fizeram e ainda não corrigiram os erros que praticaram e nos conduziram à situação atual.

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Passos passou ao lado de «reforma» como esta

Recebido por e-mail de amigo e, por constituir uma boa lição a seguir pelo Estado Português, se transcreve:

Lei de Reforma do Congresso de 2011 (emenda da Constituição do Brasil)

1. O congressista será assalariado somente durante o mandato. E não terá aposentadoria proveniente somente pelo mandato.


2. O Congresso contribui para o INSS.(Instituto Nacional do Seguro Social) Todo o fundo (passado, presente e futuro) atual no fundo de aposentadoria do Congresso passará para o regime do INSS imediatamente. O Congresso participa dos benefícios dentro do regime do INSS exatamente como todos outros brasileiros. O fundo de aposentadoria não pode ser usado para qualquer outra finalidade.

3. Congresso deve pagar para seu plano de aposentadoria, assim como todos os brasileiros.

4. Congresso deixa de votar seu próprio aumento de salário.

5. Congresso perde seu seguro atual de saúde e participa do mesmo sistema de saúde como o povo brasileiro.

6. Congresso deve igualmente cumprir todas as leis que impõem o povo brasileiro.

7. Servir no Congresso é uma honra, não uma carreira. Parlamentares devem servir os seus termos (não mais de 2), depois ir para casa e procurar emprego. Ex-congressista não pode ser um lobista.


A origem refere que a Lei foi promulgada e aprovada rapidamente, porque o povo o exigiu e a Presidente concordou. Seria muito sensato seguir esta lição para a Assembleia da República, as assembleias regionais e autárquicas. Num momento em que se prometem tantas reformas estruturais, esta seria oportuna e colocaria Portugal mais próximo dos exemplares comportamentos éticos dos políticos nórdicos tão citados em mensagens de e-mail.

O Brasil está de parabéns com esta lei histórica, e Portugal não devia ficar atrás.

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Passos e as "conversas em família"

Transcrição de notícia de jornal, seguida de NOTA:

Passos promete reformas para "democratização" da economia
Público. 25.12.2011 - 21:07 Por São José Almeida

Passos Coelho sublinhou que "2012 será um ano de grandes mudanças e transformações".

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, aproveitou o espaço televisivo da mensagem de Natal para olhar para o próximo ano e garantir que “2012 será um ano de grandes mudanças e transformações”, as quais “incidirão com profundidade nas nossas estruturas económicas”, com o objectivo de conseguir o que entende pela “democratização” economia.

Lembrando que já tinha anunciado que “2012 será um ano determinante” para “todos os portugueses”, o primeiro-ministro sublinhou que no próximo ano o país terá “muitos compromissos para honrar” e “muitos objectivos orçamentais e financeiros para cumprir”, mas frisou que será um ano importante “sobretudo porque temos muitas reformas estruturais para executar”.

Passos Coelho fez questão de apresentar as razões que encontra na sociedade portuguesa que justificam a sua atitude reformista da organização da sociedade e da economia e argumentou que “são estas estruturas que muitas vezes não permitem aos portugueses realizar todo o seu potencial, que reprimem as suas oportunidade”, mas que também “protegem núcleos de privilégio injustificado, que preservam injustiças e iniquidades, que não recompensam o esforço, a criatividade, o trabalho e a dedicação”, por isso, concluiu que “são estruturas que têm de ser mudadas”.

Transformação do país

Explicando o que quer dizer com democratização da economia, o primeiro-ministro explicou que quer “colocar as pessoas, as pessoas comuns com as suas actividades, com os seus projectos, com os seus sonhos, no centro da transformação do país”. E “que o crescimento, a inovação social e a renovação da sociedade portuguesa venha de todas as pessoas, e não só de quem tem acesso privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na protecção do conforto económico”.

Para isso, prosseguiu, quer que “estas reformas nasçam de baixo para cima, para os que se propõe “criar as condições para que todos os portugueses, cada um dos portugueses, nas suas escolhas, com o seu trabalho, com as suas capacidades, construam o seu próprio futuro e, em conjunto, o futuro de todos”. E garantiu que “as reformas que o Governo vai executar foram pensadas para fazer dos homens e das mulheres de todo o país os participantes activos na transformação e na recuperação de Portugal”.

Referindo-se especificamente ao facto de falar no dia de Natal, Passos Coelho referiu que esta “ a importância de relações de amizade, de solidariedade e de confiança”, para sublinhar que “na nossa vida colectiva a degradação dos laços de confiança ao longo dos anos teve graves consequências na qualidade da nossa democracia, no nosso desempenho económico e na nossa solidariedade comunitária”.

Defendeu ainda que “a confiança é um activo público, é um capital invisível, é um bem comum, determinante para o desenvolvimento social, para a coesão e para a equidade” e que “são os laços de confiança que formam a rede que nos segura a todos numa mesma sociedade”. Prometendo em seguida que “um dos objectivos prioritários do programa de reforma estrutural do Governo consiste precisamente na recuperação e no fortalecimento da confiança”. E explicou que se referia “não só da confiança dos cidadãos nas instituições, mas também da confiança que temos uns nos outros, nas nossas relações profissionais, nas nossas relações sociais e nas nossas relações de cidadania”.

Até porque, concluiu o primeiro-ministro, “com mais confiança vem mais solidariedade, mais democracia, mais justiça e mais vitalidade social”. E isso só se consegue, segundo o mesmo Passos Coelho, com reformas. “Para construir a sociedade de confiança que queremos temos de reformar a Justiça, temos de tornar muito mais transparentes a máquina administrativa e as decisões públicas, temos de abrir a concorrência, agilizar a regulação e acelerar a difusão de uma cultura de responsabilidade no Estado, na economia e na sociedade”, garantiu.

NOTA. A memória faz que o tempo antigo seja recordado e, de tal recordação, surgem comparações que podem ser traduzidas em lições que distinguem o melhor e o pior, aquilo que deve ser repetido e o que deve ser evitado.

A comunicação social está a usar o verbo «garantir» quando se refere a simples promessas eventualmente bem intencionadas ou, pelo contrário, falaciosas.

As palavras da mensagem de Natal do PM são maravilhosas, mágicas, divinas, indo ao encontro de sugestões
aqui colocadas e reforçadas em posts posteriores. Mas, como ali se disse, o pensador que pretenda colaborar na passagem a «nova etapa de civilização» deve «usar de isenção, independência e apartidarismo», porque quem está comprometido e condicionado pelas soluções erradas que originaram a crise, não dispõe de real liberdade de pensamento e de acção para a mudança profunda que agora foi «garantida».

Quando comecei por falar de memória recordei-me de Marcelo Caetano que, pouco depois de assumir o cargo de «Presidente do Conselho de Ministros», iniciou regulares «conversas em família» em que começou por citar os diversos problemas do País que era necessário resolver e deixando a promessa de reformas profundas, em estilo semelhante ao agora usado por Passos. Em conversa com amigos, no dia seguinte, disse que se o anterior governo tinha a desculpa de não saber de tais problemas, este deixou de ter tal desculpa e tornava-se mais responsável no de não lhes dar solução. Aquela declaração de conhecimento da situação real foi um passo arriscado.

Essa impressão que me ficou veio a tornar-se concreta quando, um ano depois, noutra «conversa em família», veio a repetir vários aspectos que continuavam à espera de solução, o que não podia ser interpretado senão como uma confissão de fracasso, de incapacidade para resolver os problemas que tinha mostrado conhecer.

Ter boas intenções e fazer promessas deliciosas, de nada serve se as realidades não vierem a mostrar competência, capacidade, vontade e coragem para as concretizar.

Para bem de Portugal e dos Portugueses, será bom que Passos Coelho consiga ter mais êxito do que teve Marcelo Caetano e torne realidade as suas promessas de profundas reformas, que o País precisa.

A memória diz também que Sócrates iniciou o seu primeiro governo com belas promessas de reformas mas, ao querer concretizá-las, errou na metodologia, agindo contra quem devia ter sido chamado a colaborar, como juízes, professores, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, militares e polícias.

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domingo, 25 de dezembro de 2011

A crise deve ser estímulo para nova etapa de civilização


Há muito que aqui tem sido sugerido que sejam retiradas da crise lições para novas formas de gerir a vida individual, económica e política. Com o sensato aproveitamento do resultado das reflexões que cada um deve fazer, poderemos iniciar uma Nova Era, uma nova etapa de civilização.

Na sua mensagem de Natal o Patriarca pede uma ordem económica que vença desigualdades e ajuda a elaborar as nossas reflexões acerca das circunstâncias actuais.

Devemos aprender «a viver positivamente este momento de crise que o país atravessa.»
“Um dos frutos do presente sofrimento colectivo pode ser levar a sociedade a abrir-se a uma nova etapa da civilização.”

É imperioso dar “maior prioridade à pessoa, uma ordem económica que acentue o bem comum, vença os individualismos, as desigualdades chocantes, todas as formas de materialismo; que aprenda a dar prioridade aos valores do espírito e não apenas ao dinheiro”.

É preciso enfrentar a crise com coragem, porque “em ambiente de crise, há desempregados, famílias em dificuldade, há mais pobreza, mais sofrimento, há crise de esperança”.

Não devemos assustar-nos com o sofrimento, mas enfrentá-lo com coragem e generosidade.

É desejável “que a nossa aflição, o nosso grito de equidade e de justiça, não nos impeça de procurar sempre, nas novas circunstâncias, a paz, isto é, a harmonia social que permita e favoreça mais a cooperação do que o confronto” “Esta busca da paz pode ser atitude decisiva para vencermos a crise”.


Estas palavras constituem mais um reforço ao que ficou gravado nos posts a seguir linkados, além de outros em que se defende que a crise deve ser aproveitada para fazer uma revisão de comportamentos e criar novos hábitos de melhor gestão pessoal, privada e pública. Será benéfico aproveitar este momento de provação para rever a escala de valores éticos, desenvolver atitudes construtivas para recuperar a paz e a harmonia, destrinçar o que é material e aparente daquilo que é essencial e humano que é fonte da verdadeira felicidade, da esperança no amanhã. É desejável que cada um procure manter activo o espírito de Natal, durante todo o ano, sempre.

Eis os mais recentes dos posts referidos:

- Preparar um futuro melhor
- Coragem para pensar e falar
- Diagnósticos preocupantes
- Para um futuro melhor. Achegas
- Crise definida claramente por um político
- Futuro problemático

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Futuro problemático

A evolução surpresa dos dias de hoje!... Começa a ser visível

Há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!

... tal como ocorreu noutros períodos da história recente: no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 73.

Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 factores":

1º- A Crise Financeira Mundial: desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história !...

2º- A Crise do Petróleo: Desde há 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há 2 semanas a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias massivas!), a inflação controlada, etc...

3º- A Contracção da Mobilidade: fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4º- A Imigração: a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º- A Destruição da Classe Média: quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste governo) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade de intervenção.

6º- A Europa Morreu: embora ainda estejam a projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e dos "seus valores" foi chão que deu uvas: deu-se há dias na Irlanda!

7º- A China ao assalto! Contou-me um profissional do sector: a construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios.... da China. O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados há dias no mais importante Salão Automóvel mundial os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi!) e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia...helás! Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! (Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais).

8º- A Crise do Edifício Social: As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum...

9º- O Ressurgir da Rússia/Índia: para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

10º- A Revolução Tecnológica: nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!

Eis pois, a Revolução!

Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e... imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, a ter estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.

Espera-nos o Novo! Como em todas as Revoluções!

Um conselho final: é importante estar aberto e dentro do Novo, visionando e desfrutando das suas potencialidades! Da Revolução! Ir em frente! Sem medo!

Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo sempre mudou para melhor!...

Transcreve-se uma frase da filósofa russo-americana Ayn Rand (Judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920), mostrando uma visão com conhecimento de causa:

"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem não negocia com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar sem temor de errar, que a sua sociedade está condenada"

NOTA: Não quero aceitar o pessimismo que, em certas passagens do texto parece contagiante. Espero que os génios da economia, das finanças e da política, saibam erguer a sua voz e indicar os melhores caminhos para criar um futuro melhor. A sugestão já aqui foi deixada em Preparar um futuro melhor.

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Crise definida claramente por um político



Segundo o Deputado Mr Bloom, no Parlamento Europeu em Estrasburgo, em 11 de Maio de 2011, a regra das pessoas e dos países deve ser não gastarem mais dinheiro do que aquele que recebem. Os políticos ficam estupidamente surpreendidos quando os países se endividam, mas as dívidas são contraídas porque os políticos, ridiculamente ignorantes e incompetentes, gastam persistentemente mais dinheiro do que aquele que recebem de impostos, mais dinheiro do que aquele que alguma vez poderão cobrar de impostos. E para maior desgraça, a grande fatia desse dinheiro é simplesmente desperdiçada.
E os políticos em conivência com os bancos centrais usam abusivamente a máquina de imprimis dinheiro. Se um cidadão tivesse uma máquina de fazer dinheiro tratava-se de um crime, mas os políticos e os seus bancos centrais ficam ao lado de tal legalidade. E daqui resulta a imoralidade de serem os cidadãos comuns a arcar com as consequências de tais erros dos políticos, a sofrer o resultado da falência do Estado.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Diagnósticos preocupantes


Quando o homem do leme perde a fé no rumo seguido, a tripulação não pode ficar indiferente. O desânimo, a ansiedade não são bons companheiros. Neste momento, os portugueses estão confundidos com as afirmações dos mais destacados gestores da coisa nacional

O Presidente da República, sem simular optimismo, limita-se a desejar «um ano de 2012 tão bom quanto possível».

Miguel Relvas não hesita afirmar aquilo que realmente parece sentir e diz que 2012 “será um ano extraordinariamente difícil”.

E para complementar estes prognósticos, Passos Coelho sugere a emigração a professores desempregados, o que constitui um recado para os portugueses que não se sintam bem. Se não está bem, mude-se, e como quem emigra é quem tem mais vitalidade, iniciativa e capacidade de lutar pela vida, fica-nos a nuvem negra de imaginar o Portugal de amanhã apenas com indigentes, e viciados na subsidio-dependência, com o problema de deixar de haver quem trabalhe e pague impostos para poderem ser concedidos subsídios.

E os governantes ? De que passarão a viver? Qual passará a ser o seu nível de arrogância e ostentação?

Figo antecipou-se e não esperou pelo conselho de Passos Coelho, pois já tinha dito em entrevista “Quero vender tudo o que tenho em Portugal”.

E os britânicos preparam plano para retirar britânicos de Portugal em caso de bancarrota.

Figo está no seu direito de gerir como achar melhor a sua fortuna pessoal. Os britânicos com o seu plano, mostram um louvável sentido de responsabilidade em defender e proteger os seus concidadãos evitando-lhe danos maiores. Mas os nossos governantes, se é certo que não devem criar falsas esperanças e ilusões também não devem alimentar o desânimo e o derrotismo. E é seu dever criar condições para melhorar a vida dos seus concidadãos que, para isso, os elegeram.

São realmente diagnósticos preocupantes. Com estes vaticínios dos mais altos «responsáveis» pelo País, não se pode esperar nada de bom.

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António Aleixo sempre actual

CINCO QUADRAS DO ANTÓNIO ALEIXO

Acho uma moral ruim
trazer o vulgo enganado:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado.

Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.

Esses por quem não te interessas
produzem quanto consomes:
vivem das tuas promessas
ganhando o pão que tu comes.

Não me dêem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!

Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.

Recebido por e-mail
Estátua a António Aleixo

Mário Soares e Macau

Transcrição, com a devida vénia, de post publicado em A Revolta das Palavras por José António Barreiros:

Mário Soares: o perfume barato do contar...

Sabia que me iria irritar. Que o livro Um Político Assume-se seria uma forma de se justificar perante a História, já que não perante a sua consciência. Mesmo assim insisti em querer vê-lo. Foi esta noite. Fui directo à página onde, na obra que diz ser de memórias políticas, Mário Soares trata do que eu conheço de perto, por ter vivido na pele parte da trama: a história da sua ligação, enquanto Presidente da República, ao território de Macau. Detive-me nas linhas que dedica ao caso Emaudio/TDM. Poucas linhas, esclarecedoras linhas.

Diz que foi afinal uma campanha lançada «pela extrema direita» contra ele, para o envolver na história. Mente, por contrariar a verdade. A questão não tem a ver com políticos de qualquer quadrante que se tenham mobilizado contra si, mas com os factos que não se conseguem iludir.

Acrescenta que na origem da campanha esteve o Rui Mateus. Mente por sobre-simplificar a verdade. O papel de Rui Mateus é prévio na próxima ligação à sua pessoa, contemporâneo com todo o caso e posterior com maior intensidade no que se refere ao caso da Weidelplan/Aeroporto de Macau, mas o assunto transcende-o e em muito.

Para enxovalhar Rui Mateus, Soares diz que o conheceu empregado de um restaurante e que teve uma ambição tal que quis ser ministro dos Negócios Estrangeiros do seu Governo. Mente por omissão da verdade. A ligação entre os dois é muitíssimo mais vasta, próxima, e, é só ler o livro que aquele escreveu, para concluir que em matéria de "comedorias" o conhecimento não se limitou a restaurantes.

Remata, enfim, dizendo que envolveram no assunto o então Governador de Macau, Carlos Montez Melancia, que seria absolvido judicialmente. Mente por adulteração da verdade. A história do processo judicial ainda está para ser contada, como a história dos processos judiciais que nunca existiram em torno do caso. E como é que a absolvição do Governador neste processo deu em condenação em outro, o "caso do fax".

No momento em que escrevo estas linhas hesito se contarei ou não toda a história desse aproveitamento político, económico e pessoal da televisão de Macau que o livro tenta branquear.

Confesso que o descaramento do livro me incendeia um sentido de revolta pessoal. Que a "reconstrução" da História me repugna como cidadão, como o faz tanta historiografia oficial arregimentada que tem andado a ser escrita em relação ao que nem regime político chegou sequer a ser e hoje está em estilhaços, o estado cadaveroso do País.

Sei que se o fizer, contando o que sei, serei sujeito aos efeitos da difamação e do enxovalho, porque ele e este estilo de obra são o rosto de um modo de ser que define a actual Situação, o verso dos que a criaram, o anverso dos que a consentiram. Talvez haja um direito à tranquilidade, minha e dos meus, que eu deveria saber preservar.

Por outro lado estou perante uma figura pública idolatrada a quem tantos perdoaram tudo, à direita e à esquerda, com quem tantos se arranjaram para tanto. Ficarei isolado e à mercê.

Talvez haja, enfim, o respeito devido à idade, se não houvesse o respeito devido à Nação de todos nós. Apodar-me-ão de desapiedado, logo quanto a um livro em que o seu autor se fez cercar, no lançamento, da imagem inocente dos seus netos.

Vou tentar tranquilizar o espírito e logo verei. Até passar o hálito da sordidez do caso e do perfume barato com que agora o vejo contado.

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sábado, 17 de dezembro de 2011

Poder local e as pessoas

O Poder Local, como praticamente todos os sectores da vida nacional, precisa de uma «excelentíssima e reverendíssima reforma, «no sentido de servir melhor a população e possibilitar o seu desenvolvimento» mas, como muito bem diz António José Seguro, não deve ser feita num gabinete lisboeta, em frente de uma prancheta com o mapa de Portugal, fazendo sobre ele riscos a régua esquadro.

Também não pode assentar rigidamente em frios números estatísticos que relacionam dois factores - população e área - sem ter em conta as especificidades de cada região. Há que ponderar bem os variados factores de forma a construir uma fórmula que estabeleça o resultado ideal e os limites dos desvios aceitáveis. Se tivermos em conta apenas a população, ficarão as grandes cidades retalhadas por inúmeras freguesias enquanto no interior, haverá uns pares delas em toda a Beira Interior ou no Nordeste Trasmontano. Mas, se a obsessão for para a área, Lisboa terá apenas uma freguesia que abrangerá também parte suburbana. Estes dois extremos obrigam a pensar numa fórmula em que tem que se atender a vários factores, como população, área, PIB, quantidade de empresas e outros aspectos económicos, vias de comunicação, distância dos pontos mais remotos á sede da autarquia, serviços públicos e de apoio social, tradições, etc, etc.

A análise de tais factores exige um conhecimento obtido no local, em contacto com autarcas e populações, num diálogo aberto e construtivo, mas sem cair na moleza do choradinho que tente conduzir a soluções temporárias e pouco duradouras. A decisão final deverá ser bem preparada por forma a ser eficaz durante muitas décadas, para não se andar a brincar frequentemente com a estrutura administrativa.

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

«Toma que é democrático !!!»

Há algumas décadas, um dos humoristas portugueses, não me recordo se era Raul Solnado ou Camilo Oliveira, numa série televisiva, sempre que o agente da autoridade levantava o Cassetete ouvia-se nitidamente «toma que é democrático.

Esta frase vem agora á memória quando vi a notícia Passos Coelho foi vaiado e insultado em Matosinhos. A população desabafou assim da sua indignação e do seu descontentamento:

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho foi esta tarde vaiado e insultado por dezenas de pessoas, à entrada e saída do Centro de Arte Moderna (CAM) Gerardo Rueda, que inaugurou em Matosinhos.

À saída foi mesmo necessária a intervenção policial para afastar uma mulher mais exaltada, com uma criança ao colo, que ainda bateu por algumas vezes com a mão na viatura onde se encontrava já o primeiro-ministro
(...)

Curiosamente, aqueles populares, com a exteriorização da consciência preocupada, embora de forma menos protocolar, manifestaram-se e mostraram estar sintonizados com o pensamento do Primeiro-Minitstro, quando este disse que ‘Cada oportunidade perdida é uma pequena tragédia de que nunca recuperamos’. E esses populares quiseram aproveitar a oportunidade da proximidade do PM.

Dizia-se há algumas décadas que o povo é quem mais ordena, que a democracia é o poder do povo. No entanto, tem havido ausência de DIÁLOGO entre o Governo e os portugueses, do que resulta uma adulteração da democracia e torna o regime numa ditadura, mais ou menos disfarçada, em que os governantes armam-se em detentores únicos da verdade absoluta e decidem sem atender aos interesses colectivos do povo. Sacam dinheiro aos contribuintes da classe média para dar aos bancos, enquanto os mais ricos do país fogem descaradamente ao fisco como foi noticiado acerca de Américo Amorim. Mas poderá haver milhares como ele.

Desta falta de transparência, desta ausência de esclarecimento honesto e eficaz surge a angústia do povo, a sua indignação, o seu descontentamento e o resultado começa a ser notado. Este caso de Matosinhos não deve ser interpretado como caso isolado e episódico, pois pode ser o primeiro sinal visível do descontentamento popular e não pode ser ignorado pelos governantes que devem rever os seus comportamentos.

O Diálogo serve para conhecer o mais completamente possível a situação com todos os factores e as causas do problema actual e serve, depois, na análise e avaliação das hipóteses de solução com vista á escolha fundamentada da melhor. Há que evitar o diálogo sem saída do estilo do usado por António Guterres, em que não se avançava para a escolha da melhor solução e para a decisão e sua implementação. Marcava-se passo em vez de marchar para o objectivo. Perdia-se tempo que é um recurso muito valioso e irrecuperável. Assim se criou o pântano a que o PM Guterres se referiu.

E o povo quando vê demoras na chegada da decisão que lhe interessa, pode gritar «toma que é democrático!». Pode exigir, de forma musculada, mudanças que não serão devidamente ponderadas e, portanto, inconvenientes. Como foi dito no post anterior, não se deve «mudar por mudar». Infelizmente, na realidade recente e actual, tem havido mudanças destinadas apenas a enganar os pacóvios, pois acabaram por deixar ficar tudo na mesma, senão pior.

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Círculo vicioso da política

Li há pouco o artigo de opinião A Troca de João César das Neves em que, com ironia, se situa algum tempo decorrido de 2012 e anuncia a troca, no inicio do ano dos dois principais governantes com os dois mais conhecidos sindicalistas.

Passado pouco tempo de exercício das novas funções, as argumentações e posições públicas de uns e dos outros são extremamente semelhantes às anteriores à troca, apenas com a diferença de saírem de bocas diferentes. Trocaram de funções e vestiram o casaco das novas.

O círculo vicioso da política cria virtualidades, irrealidades, que submetem os seus servidores a regras que eles próprios não sentem mas, para sobreviverem na carreira, cumprem cegamente. A troca de governantes não significa que o País passe a ser melhor governado e a sucessão de erros criados em consequência do circulo vicioso, conduz a crises como a actual de que é difícil sair, sem roturas musculadas.

Por isso, considero que este texto, embora por pura coincidência, constitui um contributo para o estudo que foi sugerido no post Preparar um futuro melhor, embora de forma menos positiva, mas que deixa bem patente o conselho de que não se deve «mudar por mudar». Na realidade, como o artigo refere, há mudanças só para enganar os pacóvios, pois acaba por ficar tudo na mesma.

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Coragem para pensar e falar



Enquanto houver quem tiver coragem para pensar e dizer a sua opinião, não podemos perder a esperança de um futuro melhor. Ainda há pessoas com valor. São mais perigosos aqueles que se calam e tudo aceitam sem reagir, do que os que reclamam e gritam a sua indignação. Destes podemos esperar colaboração no esforço de mudança para melhor.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Preparar um futuro melhor

Há século e meio, um filósofo genial apresentou conceitos que, embora há muito tempo definidos na Bíblia, andavam esquecidos, pois a ganância, a ambição e o culto do vil metal tinham conduzido o mundo mais rico para uma atroz desigualdade e injustiça social. Mas as palavras de Karl Marx não foram devidamente aproveitadas e deram lugar a explorações e injustiças de índole diferente da existente mas não menos graves para as pessoas em geral.

No entanto, as suas ideias já fizeram a sua época e dificilmente seriam hoje aplicáveis às realidades que preocupam a maioria dos seres humanos. Haverá, pois, que equacionar o problema actual e procurar para ele a melhor solução.

Sendo a vida um caminho com bifurcações de metro a metro, e sendo necessário fazer escolhas a cada momento, optando entre duas ou mais vias, há que saber e utilizar uma metodologia de preparação das decisões semelhante à indicada em Pensar antes de decidir.

Sugere-se, pede-se, a qualquer cidadão com vontade de contribuir para um futuro melhor de Portugal e do Mundo e que deseje usar de isenção, independência e apartidarismo, que desenvolva um esforço de meditação sobre o assunto com vista a encontrar soluções, de onde sairá a melhor, para uma estrutura político-social e económico-financeira, que torne a vida mais justa e eficiente, para felicidade de todos, com maior igualdade de oportunidades e justiça na distribuição dos resultados de toda a actividade e subordinação das ambições materiais a uma escala de valores morais aceites universalmente. Enfim, precisam-se os filósofos da Nova Era.

A economia não pode ser dominada por bancos e grandes empresas que se vangloriam de lucros fabulosos, mas que pagam mal aos trabalhadores, exploram os clientes, não respeitam os fornecedores, nada fazem pela sociedade através de mecenato e usam os mais variados estratagemas para fugir ao fisco.. Não deve ser esquecido que uma empresa é fruto do capital investido, da função administração e do trabalho, pelo que o resultado não pode passar ao lado dos trabalhadores, mas ser distribuído de forma equitativa e equilibrada por todos os factores de produção.

Este apelo dificilmente pode ser atendido pelos opinadores que frequentemente surgem no pequeno ecrã, ou porque estão amarrados aos interesses partidários de que recitam os slogans ou submetidos aos patrões que servem como «administradores» ou «consultores» ou a potenciais fornecedores de «tachos». Uns e outros servem-se de argumentos e alegações, muitas vezes opostos aos seus comportamentos habituais, apenas porque pretendem confundir as ideias aos cidadãos menos esclarecidos levando-os a dar o voto a quem deles abusa sem o mínimo rebuço.

O esclarecimento deve ser leal e eficiente para congregar a vontade de todos, pois a democracia é obra de todos e para todos. Sem espíritos abertos e bem informados, ninguém pode votar conscientemente e, por isso, a democracia mirra e extingue-se, deixando em seu lugar regimes autoritários, autocráticos, mesmo ditatoriais, em que o abuso do poder, a corrupção e o enriquecimento ilegítimo proliferam sem controlo nem punição.

A maior parte dos 1.519 posts publicados neste blog poderão ter utilidade para o estudo que se propõe. De entre eles citam-se, por exemplo os que se referem à criação de um decálogo ou código de bem governar, e os que realçam a necessidade de moralização e ética na gestão das coisas públicas.

Os cidadãos desfavorecidos e explorados por sucessivos governos ficarão gratos a quem deitar mãos à obra para esboçar as linhas mestras da vida colectiva no futuro que se aproxima.

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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Garota alerta para a defesa do ambiente



Para ver e rever.

Número de sem-abrigo tem aumentado

Pedro Cruz, director executivo da Plataforma Portuguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD), diz em entrevista ao jornal i que esta está a fazer face a uma nova realidade em Portugal. A entrevista pode ser lida em Solidariedade. “Número de pessoas a viver na rua aumentou nos últimos meses”.

«Muitos dos novos sem-abrigo ou pessoas em dificuldades graves que pedem auxílio são famílias que, até há pouco, pertenciam à classe média baixa. Tinham uma vida estruturada, mas foram atingidas pelo desemprego ou a incapacidade de pagar prestações elevadas, como as de pagamento da casa.»

«A plataforma representativa de 69 organizações não-governamentais não sabe quanto receberá do Estado para ajudar os novos desalojados em 2012»

Para melhor podermos avaliar a desigualdade ou a injustiça social que de que esta situação é sintoma, sugere-se a visita aos posts:

- Fosso entre ricos e pobres na mira da OCDE
- Como enriquecer sem fazer esforço !!!
- Crise é visível nos supermercados
- Subsídio de Natal podia não ser cortado
- Justiça Social ???

Imagem do Ionline