quinta-feira, 28 de abril de 2011

Carlos Costa pela ética


O Governador do Banco de Portugal”, Carlos Costa, afirmou, à margem de uma conferência sobre os 35 anos da Constituição da República Portuguesa que « é crucial que os decisores de política e os gestores públicos prestem contas e sejam responsabilizados pela utilização que fazem dos recursos postos à sua disposição pelos contribuintes».


Segundo a notícia, disse ainda que nos últimos 12 anos os governos não foram comedidos. Afirmou mesmo que não quiseram cumprir regras europeias, de manter o défice abaixo dos 3%, ou de simples bom senso.

E referiu um ponto que tem sido muito citado por cidadãos mas esquecido pelos políticos, o de saber “Quantos organismos públicos existem. Quantos são os funcionários públicos e quais os respectivos regimes de vinculação? Qual o volume global das garantias conferidas pelo Estado? Quais os encargos futuros com os sistemas de pensões ou com as parcerias público-privadas?”. Isto faz recordar a lista de Dezenas de institutos públicos que podem ser extintos ou alvo de fusões.

Estas palavras dão uma elevada cotação à qualidade ética e responsável de Carlos Costa e representam uma inesquecível posição de um gestor público invulgar, por ser muito pouco frequente tal afirmação de seriedade. Efectivamente ninguém, honestamente, pode discordar que a Justiça deve ser aplicável a todos os cidadãos e não deve haver privilegiados imunes e impunes. E será melhor para os próprios e para o País que essa responsabilização ocorra com oportunidade e actualidade, a cada momento, do que esperar por acontecimentos do género do que está a ocorrer nos casos extremos dos ex-responsáveis da Tunísia e do Egipto e poderá acontecer no Iémene, na Líbia e na Síria.

Imagem do Google

1 comentário:

A. João Soares disse...

Transcrição de artigo do Jornal de Notícias

Prestar contas
JN. 110428. 01h16m. Por Manuel António Pina

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, defende que "é crucial que os decisores de política e os gestores públicos prestem contas e sejam responsabilizados pela utilização que fazem dos recursos postos à sua disposição pelos contribuintes".

Carlos Costa rompe assim a tradição desresponsabilizante de Constâncio (entretanto premiado com uma sinecura no BCE), que os portugueses se habituaram a ouvir repetidamente reclamar que os sucessivos défices, alimentados pela imprudência, quando não pela gestão danosa, dos governos dos últimos 12 anos, fossem resolvidos à custa da redução de salários e pensões.

É, de facto, escandalosamente imoral que os erros dos decisores políticos sejam pagos pelos 257.745 desempregados que, segundo números da Segurança Social, perderam o subsídio de desemprego e o subsídio social de desemprego, o que significa igual número de famílias na miséria, ou pelas outras centenas de milhar que ficaram sem RSI ou abono de família (retirado a 645.600 famílias desde Novembro).

Isto enquanto os encargos com vencimentos, "despesas de representação", horas extraordinárias, ajudas de custo, suplementos, prémios, subsídios de residência e alojamento e outros mais dos "boys" e "girls" dos gabinetes ministeriais ascenderam a 19,7 milhões de euros em 2010. E ainda ficam de fora os gabinetes dos 38 secretários de Estado, às vezes mais "populosos" do que os dos próprios ministros...