quarta-feira, 1 de março de 2017

O DIÁLOGO FACILITA A CONVERGÊNCIA

«O diálogo facilita a convergência»
(Publicado em O DIABO de 28 de Fevereiro de 2017)

O diálogo facilita a convergência para as grandes decisões. É frequente ouvir e ler alguns políticos mais esclarecidos que referem a necessidade de reformas estruturais na Administração para fazer face ao crescimento da economia, à melhoria da qualidade de vida das pessoas e à harmonia social. Para isso, é preciso não alimentar as pequenas divergências, que até ocorrem nas famílias e nos pequenos clubes. Dialogando, pode conseguir-se a convergência nos pontos essenciais, abrir horizontes e alargar as vistas para o desenrolar de soluções bem analisadas, planeadas e promissoras de resultados benéficos para o Futuro de Portugal, numa época, que cada vez se antevê mais confusa. Para sobreviver num futuro imprevisível, é preciso encaminhar bem os passos e «festejar» cada acto correcto e, a partir dele, continuar a avançar racionalmente na busca de soluções para os mais altos objectivos. Todos seremos poucos para as grandes convergências no essencial. Quem, em vez de colaborar, na medida do possível, se deleitar em lançar areia na engrenagem, não pode ser considerado patriota, pois não passará de um inimigo do colectivo.

O diálogo, as conversações, são uma ferramenta indispensável par a transparência democrática. Merece ser citada a disponibilidade do PR, do PM e do ministro das Finanças para esclarecer o caso da CGD que tantas tricas e acusações maldosas levantou na oposição com perda de tempo que seria melhor empregue na análise dos problemas essenciais em sectores como a economia, a saúde, a educação, a justiça e a situação dos mais carentes de apoio social.

Também tem significado a visita realizada pelo Secretário Geral da ONU, António Guterres a cinco países do Médio Oriente, região onde a população tem sido tão martirizada pela violência e tantos refugiados tem originado. Oxalá seja produtiva esta tentativa de estimular o diálogo e a negociação em vez da guerra e deve ser levada a cabo adequada ajuda humanitária aos refugiados que tiveram de abandonar as suas casas para procurar refúgio seguro noutras terras.

Mas o diálogo para resolver pequenos desentendimentos exige humildade para ouvir os desabafos dos outros e fazer cedências a fim de convergir para uma solução aceite pelas partes. Não estão preparados para o diálogo e a negociação aqueles que acreditam fanaticamente nas suas próprias virtudes, que confiam obstinadamente na sua racionalidade e caem na arrogância de considerar que têm o exclusivo da verdade, da bondade e da compaixão. Estes caem por sua própria responsabilidade, porque enfraquecem, porque se dividem, porque perdem tempo e energias com quezílias idiotas e porque deixam que o sistema político perca de vista as populações.

Um caso típico de erro, por recurso à força ocorreu recentemente no Estado Espírito Santo do Brasil, onde apenas mais de uma semana depois de iniciada a paralisação da polícia e do recurso a militares do Exército, foi iniciada a conversação com os causadores dos distúrbios que tiraram a vida a mais de 100 pessoas e destruíram e vandalizaram lojas, haveres e outros tipos de património. O diálogo devia ter sido utilizado logo que os polícias se queixaram da sua situação, a qual nem sequer devia ter chegado ao ponto crítico se as hierarquias tivessem o cuidado de observar e analisar com humanidade e sensatez os pormenores antes que se tivessem tornado insuportáveis. Comandar ou governar não pode limitar-se a ser mandar, impor e exigir obediência.

No diálogo, deve ser tida em atenção a transparência e o respeito pela própria imagem e credibilidade, para o que não convém mentir nem deixar dúvidas sobre a verdade das afirmações proferidas, o que parece não ter acontecido nas diversas sessões de âmbito parlamentar a propósito da baralhada e das tricas sobre o problema da CGD.

Nos antípodas do diálogo bem intencionado e construtivo estão uma gotas de veneno, sob o pretexto de memórias, lançadas contra o legítimo chefe do Governo a quem, nas suas funções, devia ser garantida serenidade para reflectir nos complexos problemas nacionais, ser dado apoio e sugestões para poder gerir da melhor forma os interesses nacionais para bem dos cidadãos. Sendo o tempo um recurso irrecuperável, é pena ver como está a ser desperdiçado com tricas e peixeiradas.

A João Soares
21 de Fevereiro de 2017

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